Quem somos

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Rio Bonito, Estado do Rio de Janeiro, Brazil
Somos uma Associação privada de fiéis. Nascemos no Cenáculo com a Igreja e para a Igreja, em Roma com a benção do Papa. Amamos a Igreja Católica Apostólica Romana, da qual recebemos o Batismo e buscamos fidelidade autêntica. Em nosso meio estão presentes todos os estados de vida. Nossa identidade é Eucarística e Pentecostal. Nossa Missão é oferecer a vida pelos ministros de Deus, e a santificação das famílias. A O serviço à Igreja, a Adoração e a comunhão Eucarística, a Maternidade Espiritual, e a oração dos pequeninos são os meios nos quais nos esforçamos por cumpri-las. Nosso ideal de vida é a Fraternidade Cristã através do Novo Pentecostes de Amor. Temos alguns amigos no céu que nos ajudam: São João Maria Vianney e a Beata Elena Guerra, Apóstola do Espírito Santo dos Tempos modernos. Assumimos juntamente com a Igreja o movimento pela Santificação dos Sacerdotes e a Maternidade Espiritual. Temos grandes amigos Bispos no Brasil: Dom Alano Maria Pena, Dom Roberto Fracisco Ferrería Paz, Dom Alberto Taveira e Dom José Francisco, nosso atual Arcebispo. Nossa sede atual é na Arquidiocese de Niterói, em Rio Bonito.

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Avivamento Católico


A primeira impressão que causa a palavra “avivamento” pode não gerar muita credibilidade no nosso âmbito católico, porém, é somente uma má impressão. Precisamos recuperar os termos e significados que dizem respeito ao Cristianismo inteiro, e quero crer que a realidade presente neste termo nos seja necessária também hoje. Precisaríamos apenas do que os escolásticos chamavam de “Aclaratio terminorum”, isto é, esclarecer bem o termo.

O Avivamento é o mover histórico e profético do Espírito Santo em todos os povos, culturas e em todos os tempos. É uma graça que provém do Trono do Pai e do Coração do F

ilho. Para nós, católicos, pode ser mediada também por Maria, mulher cheia do Espírito Santo, e sem a qual a Igreja não percebe plenamente a graça de Pentecostes. O Avivamento é um Dom Trinitário e uma Graça Eclesial!

Em sua quarta carta ao Papa Leão XIII, pedindo a renovação da Igreja e o retorno ao Espírito Santo, a Beata Elena Guerra (1835-1914) falava de um “reavivamento universal para tantos cristãos tíbios”. Acredito também que quando o Vaticano II, na Lumen Gentium 8, fala que a Igreja precisa “sempre da necessidade de purificar-se” e que “busca sem cessar penitência e a renovação”, é uma forma de dizer: A Igreja precisa sempre de avivamento!

O Avivamento é sempre o despertar do Espírito em indivíduos que se abrem a Deus em épocas relativamente difíceis. É sempre uma iniciativa do Espírito que acaba gerando uma renovação espiritual, incidindo de alguma forma com algum tipo de reforma social, sempre em oposição as estruturas de pecado e morte.

O Avivamento é um poderoso derramar-se do Espírito. E por isto, ele acompanh

a toda a história da salvação. Da ação do Paráclito na criação até a constituição da Igreja de Cristo na era apostólica, Deus nunca privou a humanidade de chuvas de avivamentos.

Avivamento é o que Aparecida pede quando afirma: “Necessitamos de um novo Pentecostes!”. E ainda: “Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito Santo que renove nossa alegria e esperança”.

O Avivamento é também um movimento de santidade na medida em que o Espírito comunicado gera novos homens e mulheres de Deus para um mundo novo. Gera no crente a ce

rteza de fé que Deus é o amigo do homem, sente-se a presença do Senhor de maneira excepcional, misteriosamente visível. São como ondas espirituais que se derramam no coração e na vida como no tempo dos apóstolos. O Avivamento é o Espírito vivendo ativamente no coração do crente que lhe é dócil! Avivamento não é sentir, mas saber que Deus está em mim e eu estou em Deus. E isto é obra do Espírito!

Acrescento algo as caracteristicas do avivamento até agora citadas, que li de uma literatura protestante: “Para o avivamento acontecer na vida de um crente ou de um grupo de crentes, precisa haver arrependimento. No passado, quando um avivamento acontecia, as pessoas eram confrontadas pelo seu pecado e o confessavam. Até que isso ocoresse, ninguém era avivado”. De outra maneira, podemos dizer que o avivamento é uma graça também para o arrependimento e a mudança de vida, a conversão. Tal avivamento pode mudar um indivíduo, uma família, uma Igreja, uma comunidade, os povos do mundo...

E por falar desta experiência no mundo protestante, o Avivamento, acabou sendo a principal ferramenta de trabalho do Pentecostalismo, movimento carismático cristão que estava destinado a mudar a face do Cristianismo do século XXI. Interessante hoje é saber que mesmo entre os carismáticos protestantes, se reconhece o protagonismo de Leão XIII e Elena Guerra como os iniciadores do século XX, conhecido por eles como “o século do Espírito Santo”. Isto é prova que o autêntico avivamento passará sempre pela verdadeira Igreja de Cristo e chegará as outras comunidades cristãs não católicas através da oração cristológica e pentecostal da nossa Igreja. Afinal de contas, o Espírito sopra onde quer e o avivamento não é monopólio de católicos ou protestantes. Ele está destinado a todos os homens e mulheres que estejam de coraçào aberto para receber o Doce Hóspede da Alma.

O desejo ardente de ver a glória de Deus, me disse um dia uma mulher carismática católica, o desejo de vê-lo face a face é uma das chaves mais importantes para o avivamento e para o cumprimento dos propósitos de Deus sobre a Terra.

Em outro ocasião ela me disse: “Só experimentamos um avivamento, quando algo que estava morto, volta a vida”. Sim, irmãos, o avivamento é o mover sobrenatural do Espírito, Senhor que dá a vida, tocando novamente o natural para restituir a vida divina no coração do homem frequentemente saqueado pelo demônio e seus anjos.

O Avivamento, enfim, passa pelo sofrimento. Não existe avivamento sem dor....Existe um preço pelo avivamento. Estamos dispostos a pagá-lo? E tenho a ligeira impressão que o pagamento começa dentro de nossas próprias casas (em nossas famílias) e dentro da casa do Espírito, que é a Igreja.

Que o Espírito nos faça instrumentos seus para que um novo avivamento venha logo sobre a face da terra, reacendendo em nós a chama que o mundo busca apagar e que Jesus quer espalhar sobre o mundo todo.


Em Cristo e no Espírito,

PE. Dudu

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Convite

Fraternidade Sacerdotal do Cenáculo


CONVIDA a você, amado irmão seminarista, que deseja ardentemente viver a oração do Coração de Jesus: “que sejam um como nós” Jo 17,11.
Para a convivência de seminaristas, que ocorrerá como todos os anos, nos dias 29 e 30 de Dezembro. Com a finalidade de partilharmos as nossas experiências, descansarmos, orarmos e já viver no agora o que Deus quer que sejamos no futuro: Um presbitério unido e feliz, para a renovação do Mundo!

Esta convivência se realizará na Cidade de Rio Bonito-RJ, Arquidiocese de Niterói.
Ponto de encontro: Paróquia Nossa Senhora da Conceição – centro de Rio Bonito, do dia 29 de Dezembro do ano em curso, a partir das 12h. É gratuita, basta a sua presença!
Pedimos se possível entrar em contato com o André, para confirmar a sua presença, pelo número (21) 8611-8013.


Espalhe este convite para os seus amigos seminaristas

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Movimento de Santidade Sacerdotal

MSS

(Calendário 2011)

O “Movimento de Santidade Sacerdotal, nasceu em Agosto de 2008, quando alguns sacerdotes que comungam a espiritualidade carismática, participantes do RENASEM, resolveram fixar datas para promoverem encontros de fraternidade sacerdotal”.

Os primeiros encontros ocorreram nas Dioceses de Friburgo e Niterói. Hoje além destas duas, temos irmãos da Diocese de Petrópolis e alguns religiosos da Congregação dos Oblatos de Jesus Sacerdote.

Nossos encontros começam segunda-feira na hora do almoço, terminando também com o almoço na terça. Celebramos, descansamos, partilhamos, oramos, atendemos uns aos outros em confissão e direção.

Em 2011, decidimos colocar um tom mais formativo. Iremos partilhar temas condizentes com nosso ministério do ponto de vista carismático.

Eis os próximos encontros:

•31/01 e 1/02 em Rio Bonito (com a presença do Abade Ugo de Roma)
•28 e 29/03 em Teresópolis;
•27 e 28/06 em Itaocara;
•22 e 23/08 em Casimiro de Abreu;
•17 e 18/10 em São Sebastião do Alto e
•21, 22 e 23/11: Convivência (A definir)

Contatos com o coordenador do MSS: PE. Alex (Nova Friburgo) 22- 98131242.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O MUNDO PRECISA DE SACERDOTES


Marlene R. Prevot*


Tenho pensado muito no futuro de meus netos e me preocupado bastante ao ver e ler sobre a realidade do mundo atual. Há poucos dias vimos a decepção de pais e filhos com os erros nas provas do ENEM. Um jovem decepcionado disse aos jornais: “É preciso que respeitem os estudantes, nosso futuro está naquelas provas”. Um artigo que falava das “profissões do futuro” afirmava aos jovens que “o ideal é ficar de olho e ver se dá pra unir prazer e dinheiro”. Pensei: que loucura! Os jovens se destruirão se seguirem esta orientação. Todos tem visto onde esta busca constante do prazer tem levado nossos jovens.

A organização Mundial de Saúde fez um apelo aos governantes do mundo inteiro: “ que adotem medidas urgentes para diminuir os índices de assassinatos, violência doméstica e conflitos armados.” Com referência aos sentimentos que as pessoas tem hoje, as pesquisas mostram que a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio por depressão.

Fazendo um paralelo entre o que se pretende e o que se tem oferecido para o futuro, vejo e afirmo que o mundo precisa de amor, o mundo precisa de sacerdotes que nos tragam O Amor. Fiquei muito feliz ao ouvir o Pe. Eduardo (dudu) citar as palavras do Papa Bento XVI, ao exortar a respeito desta necessidade. A Igreja nos tem alertado sobre estes perigos, temo que nossos ouvidos estejam fechados.

Diante as estatísticas vemos que o futuro tende a ser cada dia menos promissor, caso as pessoas vislumbrem apenas o crescimento material. O mundo precisa de Sacerdotes, de homens que possam fazer muito mais do que qualquer “ser humano pode fazer por si mesmo: abrir o mundo a Deus e nos unir a ele.” Pensar num futuro sem esta união significa matar a alegria de viver, matar a esperança, matar o amor entre os irmãos, tão ensinado por Jesus Cristo.

É interessante vermos cada vez mais um grande número de pessoas e entre elas, católicos – de 1,99 como diria Pe. Dudu - afirmando que “é preciso acabar com o celibato ou pelo contrário, ninguém mais vai querer ser padre”. Não haveria nesta fala mais um apelo ao prazer? O homem só se realiza tendo mulher? Talvez seja por este pensamento que alguns escritores insistem em arranjar esposa para Jesus Cristo. Não estariam essas pessoas, esquecendo o maravilhoso dom da fortaleza concedido pelo Espírito Santo aos homens que, decididos entregam suas vidas para viver, como disse o Santo Padre, a “audácia de Deus que se vale das limitações humanas para estar, através deles, presente entre os homens e atuar em seu favor”?

Não será a condição financeira que nos acompanhará após a morte. Nada de material poderemos levar. Será com toda certeza, a maravilhosa experiência pessoal que tivermos com nosso Senhor, e esta, quem nos proporciona é o sacerdote, que investido do poder de Deus, trás o céu a nós. O futuro, creio, dependerá da nossa experiência com Deus. O que é o psicólogo, o advogado, o médico, qualquer profissional longe de Deus? O que é um profissional frustrado, após ouvir os apelos da mídia e dos economistas, por ter abandonado ou ter colocado na impossibilidade a linda vocação sacerdotal? Homem nenhum ficará satisfeito financeiramente, mas poderá ficar cheio da graça de Deus.

É de Amor que necessita todo ser humano e "sempre que ele deixa de ter a noção de Deus, a vida torna-se vazia; tudo é insuficiente. Depois o homem busca refúgio na alienação ou na violência, ameaça esta que recai cada vez mais sobre a própria juventude”, profetiza o Papa Bento XVI. Já não é esta realidade que vemos hoje?

O amor nos tem feito muita falta. Unamo-nos ao apelo da Igreja e oremos por novas vocações sacerdotais, oremos ao Senhor para que os jovens do mundo inteiro coloquem a sua esperança no poderoso amor do Pai por eles e que, voltando-se para o eterno, Deus nos possa conceder sacerdotes santos pelo Espírito Santo.

* Católica, Psicóloga e Neuropsicóloga atuante em Rio Bonito

22/11/2010

sexta-feira, 13 de agosto de 2010


Elena Guerra e Bento XVI

No último dia 2 de março, completaram-se 200 anos do nascimento de Vicenzo Gioacchino, o filho mais ilustre de uma pequenina cidade de cinco mil habitantes, localizada na Província de Roma, chamada Carpireto Romano.

Vicenzo Gioacchino era o nome civil daquele que o Espírito Santo escolheu no ano de 1878 para se tornar o Papa Leão XIII, o íntimo confidente de Elena Guerra. Ele foi o Papa que escreveu a primeira Encíclica sobre o Espírito Santo na história da Igreja. Corria o ano de 1897.

Neste Ano Leonino, a grande surpresa é que o Papa Bento XVI anunciou que visitará no início de setembro a cidade natal de seu venerável predecessor. Desta notícia eu tomei conhecimento por meio do site da Rádio Vaticana no dia 3 de março. Foi um presente de aniversário perfeito!

Até onde tenho conhecimento, o Papa Bento teve apenas um rápido “contato” com Elena Guerra por meio de Salvatore Martinez, o atual coordenador nacional da RCC italiana, que em uma audiência teria lhe falado alguns minutos sobre a Beata.

Eu tenho a impressão que o Papa precisa ler as cartas da Beata. Elas são atuais, servem para o que estamos vivendo hoje na Igreja e ainda deixaria o Papa a par da necessidade do conhecimento e do retorno dos fiéis e pastores ao Espírito Santo. Foi pensando assim que fiz esta proposta ao Abade Ugo, postulador da Causa de Canonização de Elena. Vendo neste Ano Leonino a ocasião propícia fizemos uma pequena ediçao das cartas da Beata ao Papa Leão XIII em italiano, e o Abade Ugo tentará entregar ao Papa nesta visita a Carpineto Romano.

Nesta intenção, peço a todos orações.

Em Cristo, Pe. Dudu



terça-feira, 20 de julho de 2010

Ser padre no mundo de hoje


Dom Eurico dos Santos Veloso

Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

O grande Papa João XXIII, em uma de suas alocuções sobre o “Sacerdócio” nos diz que “o sacerdote é, antes de tudo, e sobretudo, “homem de Deus” – “vir Dei”. Assim pensa de vós e vos julga o povo cristão, assim vos quer o Senhor”.

Ao chamar o sacerdote de homem de Deus, Sua Santidade queria que dele fosse excluído dele tudo o que não é de Deus. Pois bem, numa época hedonista e ateísta em que vivemos, o sacerdote deve, por sua postura e modo de viver, evocar sempre Deus. O sacerdote, através da renovação diária do sacrifício de Cristo, deve, aos poucos, ir conformando sua mente, seus atos, seu modo de tratar as pessoas, ao modo de viver e pensar do próprio Cristo. O Divino Mestre seja seu único amigo e consolador, quer na vigília junto ao sacrário, quer no estudo das Sagradas Escrituras, quer no cuidado dos pobres e doentes ou no ministério da pregação.

Ao se falar sobre o sacerdote, não posso deixar de me lembrar da pessoa do Santo Cura d’Ars, proposto por São Pio X como modelo de pároco, em cuja vida deve se espelhar todo verdadeiro sacerdote, ainda mais agora que o Papa Bento XVI propõe a figura do ilustre e santo sacerdote como patrono de todo o clero.

E o Papa João XXIII, continuando em sua já citada alocução, assim se refere ao Cura d’Ars: “Falar de São João Batista Vianey é evocar a figura de um sacerdote excepcionalmente mortificado que, por amor de Deus e pela conversão dos pecadores, privava-se de alimento e sono, impunha-se penitências e, sobretudo, levava a renúncia de si mesmo a um grau heróico. Se é certo que comumente não é pedido a todos os fiéis que sigam este caminho, a Divina Providência dispôs que nunca faltem almas, que, levados pelo Espírito Santo, não hesitem em caminhar-se por estas vias, porque tais homens operam com este exemplo o regresso de muitos, milagres de conversão ao bom caminho e à prática da vida cristã!”

Não vejo outro caminho a ser trilhado pelo sacerdote, a não ser ir copiando em sua vida todos os traços de Jesus Cristo, Sumo Sacerdote, que outra coisa não fez em sua vida, do que plantar nos corações o Deus vivo, seu e nosso Pai.

Hoje, os sacerdotes são chamados a muitas atividades salutares no cumprimento da missão evangelizadora da Igreja em nossa época. Entretanto, a missão do sacerdote no mundo de hoje, sua razão de ser – em minha visão, é que ele seja sempre e em tudo, apesar de tudo, um homem de Deus, quer pela oração, quer pela vivência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, quer pelo anúncio da Boa-nova, missão recebida do próprio Senhor: “Foi-me dado todo poder no céu e na terra. Ide, pois, ensinai a todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a observar o que vos mandei. E eis que estou convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28, 19-20).

O Papa Bento XVI, no Ângelus do dia 26 de julho de 2009, afirmou com propriedade que o sacerdote é instrumento de salvação e se entrega a Deus: “Neste Ano Sacerdotal, recordamos que especialmente nós, os sacerdotes, podemos nos ver neste texto de João, tomando o lugar dos apóstolos, quando dizem: ‘Onde poderemos encontrar pão para toda esta gente?’ Lendo sobre aquele anônimo jovem (Jo 6) que tem cinco pães de cevada e dois peixes, também a nós vem espontâneo dizer: mas o que é isso para uma tal multidão? Em outras palavras: quem sou eu? Como posso, com os meus limites, ajudar Jesus na sua missão? E a resposta nos dá o Senhor: precisamente colocando em suas mãos ‘santas e veneráveis’ o pouco que Eles são, os sacerdotes tornam-se assim instrumentos de salvação para tantos, para todos!”

Que São João Maria Vianney abençoe os nossos presbíteros. Assim rezo e assim convido a todos a rezarem!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A minha crônica pessoal do Ano Sacerdotal em Roma

Como todos sabem, as expectativas para a conclusão do Ano Sacerdotal, foram em muito superadas. Trata-se, nada mais, nada menos, do maior evento na história da Igreja no que se diz respeito aos sacerdotes. Hoje, 11 de JUNHO, aconteceu em Roma a maior concelebração jamais vista na Cidade Eterna. Quinze mil sacerdote!

O que vivemos como presbíteros nestes dias foi de uma riqueza quase impensável. A presença e a ação do Espírito Santo era visível e tocável!

A iniciativa inesperada do Papa Bento em Março do ano passado haveria de ser profética e necessária para este momento histórico na vida da Igreja e de seus pastores. Bendito seja Deus pela vida, pela profecia, pelo silêncio eloquente e pelo magistério tão fecundo do Papa Bento!


Quarta-feira, dia 9 de Junho

Guiados pelo Espírito, o primeiro dia deste grande cenáculo sacerdotal em Roma, foi dedicado a “Conversão e Missão”.

Fomos ajudados pelo Cardeal do Colônia, Dom Joachim Meisner, que nos exortou a transformação do coração, trazendo-nos a luz, como exemplo, a vida e o ministério de São Paulo, que só converteu o mundo do seu tempo porque tinha sido convertido por Cristo no Caminho de Damasco.

Para nós, Bispos e Padres, disse o prelado, o mais importante é a conversão do nosso coração. Sem esta conversão não há missão. Tanto é, o que as pessoas mais se escandalizam na vida dos sacerdotes são os pecados.

O Cardeal ressaltou bastante a necessidade de recorrermos ao Sacramento da Reconciliação. Afastar-se do confessionário é afastar-se da verdadeira identidade sacerdotal. De alguma forma, disse ele, o sacerdote deve fazer do confessionário a “sua casa”. Deve usá-lo dos dois lados, ora como penitente, ora como ministro da reconciliação. Se não colocarmos em primeiro plano este sacramento em nossa vida espiritual, continuou, facilmente cairemos no funcionalismo ou em outras técnica pastorais.

Com certeza, concluiu o cardeal, o maior confessor da Igreja foi São João Maria Vianney. Graças a ele tivemos este Ano Sacerdotal. Só o perdão de Deus nos tornará autênticos missionários. Os irmãos acreditam? Façam hoje mesmo a experiencia!


A Tarde, houve um encontro-testemunho realizado na Sala Paulo VI pelos Movimentos dos Focolares, Shoenstatt e a RCC. O tema foi “Sacerdotes hoje”. Foi extraordinário! Muitos testemunhos sacerdotais. Todos eles apontando para a necessidade absoluta de vivermos a Fraternidade Sacerdotal. Trabalhou-se sobre três pontos: Sacerdotes Homens de Deus e ícones de Cristo, Irmãos entre irmãos e Profetas de um mundo novo.

Maiores detalhes podem ser encontrados no site feito para este evento: www.sacerdotioggi.org

Quinta-feira, 10 de Junho

Foi um dia inteiro dedicado a espiritualidade. O tema foi “Cenáculo: Invocação ao Espírito Santo com Maria, em fraterna união.

Ajudados pelo Cardeal de Quebec, Dom Marc Ouellet, fomos chamados a contemplar o mistério do nosso sacerdócio. Dizia-nos: “Somos 408.024 padres espalhados nos cinco continentes, e todavia, um só sacerdote, Jesus Cristo

Jesus, continuava ele, está vivo na Igreja. Crucificado, mas de olhos abertos (como o crucifixo de São Damião), e pronuncia sobre a Igreja e o mundo uma grande Epíclese, o último Dom da Glória: O Espírito Santo!

Falou-nos ainda, do Espírito Santo, de Maria e da Igreja. Exortou-nos a ter uma relação mais íntima com o Espírito e com Maria. Suas últimas palavras foram a necessidade de “um novo Pentecostes sobre a Igreja e o mundo”.

Durante a Homilia, um outro Cardeal, desta vez africano, nos lembrava da importância da vida de oração para os presbíteros. Interessante é que, na mesma hora, na Basílica de São Paulo, o Cardeal Bertone, Secretário de Estado, afirmava que “a oração é a alma do sacerdote”. Por fim, o Cardeal africano nos lembrou o Cenáculo como lugar de oração por excelência, cheio de memória histórica e herança espiritual.

No Clima espiritual do Cenáculo, aguardávamos a Vigília com o Papa. Começou as 20: 30h. Foi a ato litúrgico mais bonito que vi na minha vida de católico. O Santo Padre entrou na Praça exatamente as 21:30 h. E quando subiu ao Altar, era 21: 50. Paralisado, olhando aquela multidão sacerdotal por minutos em silêncio, o Papa chorou...e os padres o aplaudiram longamente. Foi emocionante!

Foram feitas a ele cinco perguntas. Uma de cada continente. O nosso, providencialmente, foi feita por um padre brasileiro. A questão era o que fazer diante de paróquias tao grandes que pedem tanto de nós?

O Papa disse que sabe o quanto é difícil ser pároco. E disse ainda que é impossível que o pároco faça tudo o que deseja e o que deveria. Nossas forças, lembrou, são limitadas. Falou em escolher prioridades: Eucaristia, Anúncio da Palavra (do diálogo pessoal até a homilia) e a Caritas. Tudo permeado com a oração. Terminou falando dos limites. É importante reconhece-los e ter a coragem de descansar!

A segunda pergunta veio da África e apontava para a confusão de certas teologias de hoje. O Papa adentrou! Falou com tristeza desse pensamento não-católico dentro da Igreja. Que não é orientação; mas desorientação. Lembrou São Boaventura que falava de duas maneiras de fazer teologia: Uma é a teologia da arrogância, onde Deus vira objeto; outra é a teologia do amor, onde se estuda para conhecer e amar o Amado. O último critério, disse com autoridade, não pode ser a visão moderna do mundo. Estas teologias são ridículas... Não se submetam a estas hipóteses do momento. São os santos que nos devem orientar! Tenham confiança no Magistério!

Terminou falando sobre a importância da formação teológica dos seminaristas e do Catecismo como o critério de uma teologia aceitável.

A terceira pergunta veio da Europa e foi sobre o Celibato. Na resposta o Papa lembrou do celibato como sinal profético da vida futura. O celibato, disse ele, nos projeta para o futuro. E o grande problema de hoje, é que os homens não pensam mais no futuro de Deus, mas no hoje do mundo. O celibato abre a porta para esta reflexão! Aqui é preciso de fé! Uma fé que coloca toda sua existência em Deus! O “escândalo da nossa fé”, continuou, como resposta a estes escândalos secundários.

A quarta pergunta veio da Ásia e foi em relação a Eucaristia e o clericalismo.

O Papa rebateu o pensamento incorreto de ver a celebração eucarística como fechamento ao mundo, o que contradiz a origem mesma do mistério. Citou Agostinho (Cidade de Deus, 10), e falou da Eucaristia como escola de libertação do seu próprio eu, escola de vida na sua originalidade e finalmente como remédio contra o clericalismo.

A última pergunta veio da Ásia e foi sobre a escassez das vocações. O Papa começou lembrando uma passagem do Antigo Testamento, quando Saul não espera Samuel e oferece a Deus o sacrifício sacerdotal não sendo profeta. O Papa partindo dali, falava que não podemos reduzir sacerdócio a uma profissão e buscarmos nos artifícios humanos para o problemas das vocações. A resposta virá pela Oração, afirmou o Pontífice! Terminou falando ainda de três pontos (e foi aplaudido no primeiro): O nosso próprio testemunho, A confiança na Oração e a Audácia de falar com os jovens.

Espontâneamente, terminou este momento, agradecendo aos seminaristas e aos sacerdotes mais jovens.

Seguiu-se a Exposição do Santíssimo Sacramento, um silencio profundo (e o Papa ajoelhado!), e a benção final.


Sexta-feira, 11 de Junho, Solenidade do Coração de Jesus


Foi a maior concelebração do mundo católico até esta data!

3 coisas foram marcantes na Liturgia que contava com os 15 mil presbíteros:

  • O rito de purificação;

  • A renovação das promessas sacerdotais;

  • A consagração de todos os sacerdotes a Nossa Senhora

    Era uma homilia muito esperada. Foi mais longa do que o comum. Rica e transparente. Fez uma verdadeira exegese do Salmo do Bom Pastor 22 (23). O orante, disse ele, acolhe a revelação de Deus como pastor e a toma como orientação para toda a sua vida. Falou do uso do bastão na Igreja como serviço de amor.

Falando do sacerdócio afirmou que o sacerdote é o homem que cuida dos homens. Ele faz o que nenhum homem pode fazer. Deus se serve de um homem...Que audácia de Deus! Esta audácia de Deus é verdadeiramente grande, e se esconde por detrás de uma palavra: Sacerdote!

Surpreendeu-nos ao falar da ação do demônio no ano sacerdotal...

Terminou falando de duas palavras bíblicas sobre o Coração de Jesus.

Usando o símbolo da água e consequentemente da fonte, pediu que os sacerdotes sejam estas fontes, que com a água da vida, matem a sede do mundo sedento.

No fim da Santa Missa, ao saudar os sacerdotes em algumas línguas, falou-nos em Português: “Agradeço pelo que sóis e pelo que fazeis. Lembrem-se que nada poderá substituir o sacerdócio. A exemplo do Cura D'Ars, perseverem na amizade com Deus. Sejam as mãos e os lábios de Deus!

Junto ao Sol que acompanhou toda a Santa Missa, naquele grande Cenáculo sacerdotal a céu aberto na Praça de São Pedro, nos acompanhava também uma brisa mansa e suave, sinal do Espírito que sussurrava nos ouvidos sacerdotais: Surpresa! Não acabou...está apenas começando....


Roma, 11 de Junho 2010 a.D

Pe. Dudu

terça-feira, 8 de junho de 2010

Caminhando rumo ao encerramento do Ano Sacerdotal


O coração do Cristianismo começa a receber sacerdotes do mundo inteiro. Não sabemos o que dirá a imprensa mundial. Uma coisa porém é certa: O numero de sacerdotes em Roma, para o encerramento do Ano Sacerdotal, superou as expectativas da Congregação para o Clero: Já se fala de mais de 10 mil sacerdotes inscritos. Verdadeiramente os sacerdotes acolheram o pedido do Santo Padre neste momento tão delicado.

Entre a população há indiferença, me dizia um sacerdote italiano. A mídia continua a explorar os escassos escândalos que lhe dão ibope. O assassinato do Bispo milanense, Dom Luigi Padovose, núncio na Turquia, parece não ter causado impacto nesta Europa descristianizada.. Em geral, também, pouco se falou da visita histórica que o Santo Padre fez a Chipre, pais de rito oriental onde os católicos latinos chegam a 3 %. Tenho a impressão que somente a Praça de São Pedro se alegra em receber tantos sacerdotes tão diferentes, que nela não param de circular. E como não poderia faltar, a presença dos padres brasileiros é satisfatória, como também encontramos os Bispos de Minas que aqui estão para a visita ad limina. Eis o contexto geral do encerramento do Ano Sacerdotal!

A Programação será rica. Os sacerdotes serão divididos em dois grandes grupos linguísticos: Italiano, Alemão e Inglês na Basílica de São Paulo, e Português, Espanhol e Francês na Basílica de São João Latrão. Os dois momentos mais esperados serão na Quinta-Feira a noite, quando o Santo Padre presidirá uma vigília de oração, terminando com a bênção do Santíssimo Sacramento e, finalmente, a Santa Missa de encerramento, que acontecera na Sexta, dia 9. Em ambos os eventos, o Papa convidou também os seminaristas, religiosos e leigos que sentem o desejo de rezar e se sacrificarem pelos sacerdotes.

Esperamos um Pentecostes Sacerdotal que renove entre nós os frutos de santidade.

Unidos!

Pe. Dudu

Roma, 7 de Junho de 2010 a.D

RCC Internacional antecipa o Pentecostes sacerdotal em Roma


Terminou a pouco mais de uma hora, aqui em Roma, a Jornada de Retiro para sacerdotes ligados a RCC promovida pelo ICCRS e pela Fraternidade Católica das Novas Comunidades Carismáticas.

Tudo foi favorável. Roma está lotada de sacerdotes do mundo inteiro que vieram para o encerramento do Ano sacerdotal a pedido do Papa Bento. A RCC, sabiamente conduzida pelo Espírito, na véspera da programação oficial, fez um convite aos sacerdotes que estão ligados ao Movimento. O apelo foi bem respondido. Creio que éramos quase 500 sacerdotes. O tema da jornada de retiro foi “O dom do sacerdócio”.

Além de Michelle Moran, presidente do ICCRS e de Matteo Calisi, presidente da Frater Internacional, o evento contou com o testemunho de dois sacerdotes pioneiros: Pe. Tom Forrest e Pe. Kevin. Além da maternidade espiritual e a profecia da Ir. Briege, que não poderia faltar...

Dom Grech, Bispo da Austrália também nos falou sobre o tema. Fomos ainda agraciados com as palavras de Dom Mauro Piacenza, Secretário da Congregação do Clero.

Foi um verdadeiro Pentecostes sacerdotal! Todos nos recordaram do grande poder dado por Cristo a nós. Falou-se no carisma de cura e da autoridade que temos de expulsar o mal, como continuação da missão de Cristo pelos sacerdotes. Dom Mauro frisava que estávamos vivendo uma convocação do Espírito e foi corajoso ao dizer que, se nós não assumirmos, pelo carisma do Espírito, o dom da caridade pastoral, de guia de nossas comunidades, o diabo começará a guiá-las...Terminou orando: Espírito Santo, renova o Dom do sacerdócio do Filho em todos os sacerdotes aqui presentes!

A um certo momento, orando por Batismo no Espírito, Ir. Briege pedia: “Uma nova graça de santidade”. Eis aqui o ponto forte deste encontro histórico de hoje: Um grito do Espírito a nós, acordando-nos e convencendo-nos que é possível ser padre hoje e é possível (e necessário) ser santo!

Conversei com vários padres, e fiquei muito feliz, em saber que todos concordam que o Movimento Carismático continua a ser uma fonte de espiritualidade segura e renovadora para nosso ministério sacerdotal.

Ao Espírito que deseja um Pentecostes sacerdotal que renove a face da terra, toda Honra e Glória!

Roma, 8 de Junho

Pe. Dudu

sexta-feira, 28 de maio de 2010

PENTECOSTES É HOJE!!!

As maravilhas de Pentecostes

1. Aquele Deus, cujas obras são grandes e admiráveis, depois de ter criado o homem à sua imagem e semelhança, mais admiravelmente o restaurou pelo mistério da Redenção e vem agora operar a maravilha das maravilhas, que é a Efusão real e pessoal do Seu Espírito no coração do homem. Brilhou, portanto, a partir daquele dia de graça e bênção, depois de um vento impetuoso que visitou os Apóstolos reunidos no Cenáculo em meio a raios de vivíssima luz em globo de fogo, que se dividiu em muitas chamas sobre todos os fiéis reunidos e pousou sobre a cabeça de cada um; era o prometido Espírito Santo que plenamente se comunicava aos primeiros discípulos de Jesus Cristo, enchendo-os de Si e dos seus mais admiráveis dons.
Reflete, ó cristão, que no dia de Pentecostes, que foi certamente o dia do triunfo do Espírito Santo, Aquele Eterno se mostrou como luz e como fogo para indicarseus dois e principais efeitos, isto é, o de iluminar os mistérios e as verdades da fé, e de acender o Divino Amor que purifica e santifica. Ó preciosíssimos efeitos da vinda do Espírito Santo nas almas! E nós somos felizes, porque o Espírito Santo não veio apenas para os primeiros cristãos, mas para todos nós e mais estreitamente se une àqueles que melhor se disponham a recebê-Lo.



2. Levantemos, ó cristãos, o véu que cobria tal mistério, contemplemos como o Incriado e Substancial Amor de Deus, comunicou-se aos primeiros fiéis, não em forma de pomba, como outrora, nem tomou forma de coração, ou de fúlgida estrela, mas quis assumir as formas de língua de fogo, e isto não só para indicar o dom das línguas ou do conhecimento de muitos idiomas, mas também, para nos ensinar que a nossa língua deve ser instrumento da verdade e da caridade, e que a regra do nosso falar e a força das nossas palavras precisam ser o mesmo Espírito Santo. Bendita a língua que é regulada pelo Espírito de Sabedoria e Conselho, mas infeliz das línguas que levadas por paixões desenfreadas, se tornam instrumentos de discórdia e de escândalo.


Beata Elena Guerra

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O Espírito Santo e o Tempo Pascal


O mistério de Pentecostes é o complemento da Páscoa da mesma maneira que a aliança celebrada pelo Senhor no monte Sinai coroa os milagres do Êxodo. A vinda do Divino Espírito sobre os apóstolos e Maria no Cenáculo, constitui o momento decisivo da formação da única Igreja de Cristo neste mundo, garantindo Sua presença –por meio do Seu Espírito- e nosso chamado a um novo nascimento espiritual.

Todo o Ano Litúrgico se concentra em torno do mistério da Páscoa, ancorando-nos ao único fato da história que se prolonga pelos séculos afora, sendo capaz de dar valor perpétuo a todas as coisas: A Ressurreição de Jesus Cristo.

Com a Solenidade de Pentecostes, atinge a liturgia, cada ano, o cume insuperável. Nossas festas cristãs se sucedem, portanto, seguindo uma linha precisa, orientada, tendo como ponto de partida o Natal, seu centro decisivo no mistério pascal e sua realização definitiva na Ascensão do Senhor e em Pentecostes. É o Espírito Santo que preserva o Cristianismo de ser apenas um fato puramente histórico. Graças a Ele, tudo o que Jesus disse e fez, permanece conosco de maneira permanente!

Existe uma profunda conexão entre a Páscoa e Pentecostes. Sem dúvida que a celebração do derramar do Espírito é um fato novo, original; mas é também a plenitude, a coroação e o aperfeiçoamento da Páscoa. Pentecostes eleva a nossa participação no mistério pascal no mais alto grau, associando-nos tão intimamente ao Filho em Seu Espírito que nos tornamos, por nossa vez, filhos adotivos, recebendo e sendo animados pelo mesmo Espírito de Jesus, e por conseqüência, termos livre acesso ao Pai. Esta é a mística de Pentecostes! Mística de união, de intimidade!

A Liturgia da Páscoa vai abrindo-nos pouco a pouco a acolhermos o Espírito do Ressuscitado como promessa para nossas próprias vidas. Como diz a Oração Eucarística IV, Jesus dará o Espírito Santo “como primeiro Dom aos vossos fiéis”. Eu consigo ver desde os primeiros domingos da Páscoa uma espécie de proto-pentecostes, como acontece, por exemplo, no texto de Jo 20, 22 (II Domingo neste Ano C), quando Jesus já comunica -mesmo a um grupo reduzido- o Espírito, ao dizer: “Recebei o Espírito Santo”.

A fisionomia da Igreja primitiva descrita pelo livro dos Atos dos Apóstolos (primeira leitura durante todo o tempo pascal) apresenta sempre uma Igreja repleta de cristãos cheios do Espírito. Será assim com Estevão, Felipe, Pedro, João, Paulo...
O convite de Jesus a Nicodemos (que aparece também como Evangelho no tempo pascal) é o grande projeto de vida para a Páscoa: Novo Nascimento no Espírito!
Levar uma vida nova (Cf. Rm 6,3), mortos para o pecado e vivos para Deus é uma graça concedida a homens e mulheres que tendo ressuscitados buscam apenas a vida no Espírito! Esta é a oração coleta do Domingo da Páscoa: “Concedei que celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para uma vida nova”. E como esquecer também a coleta do II Domingo? Eis aqui: “(...) Fazei que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova e o Sangue que nos remiu”.

Uma outra oração confirma da ligação do Espírito Santo com o dom da vida nova nesta liturgia pascal. Trata-se da oração coleta de Sexta-feira da III Semana da Páscoa: “Ó Deus, todo Poderoso, concedei que, conhecendo a ressurreição do Senhor, e a graça que ela nos trouxe, ressuscitemos para uma vida nova pelo amor do vosso Espírito”.

Irmãos amados, o que Pentecostes quer selar é justamente isto: Vida nova para quem celebrou a Páscoa! Permita que Deus faça em tua vida algo novo lhe dando novamente, de maneira nova, uma nova porção do Espírito Dele que se tornará teu. Deixe o Espírito provocar em ti dores de parto para um novo nascimento! Não resista a graça de Pentecostes, se abra. Quem se abrir será uma criatura nova, pronto para esperar o Pentecostes sem ocaso que nos levará a eterna civilização do amor, a Páscoa definitiva, aos novos céus e a nova terra!

Louvor e Adoração a Cristo morto e ressuscitado, que também dará vida aos nossos corpos mortais, pelo Seu Espírito que habita em nós! Amém!
Pe. Dudu

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A missão do Espírito Santo!

Jesus, estando próximo de se entregar ao Pai para a salvação da humanidade, revelou aos seus discípulos a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: o Espírito Santo. “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena...” (Jo 16, 13). Curiosa, porém, é a declaração que Jesus faz no versículo anterior, antes de apresentar a Pessoa Divina do Espírito. “Tenho ainda muito o que vos dizer, mas não podeis agora suportar...” (Jo 16, 12).

O que será que Jesus queria falar aos seus discípulos? Se a Igreja diz que Jesus Cristo é a Plenitude da Revelação, por que Ele não falou tudo? Cabe ao Espírito completar a Revelação? É, por isso que Jesus O chama de Espírito da Verdade?

Bom, procuremos entender o que Jesus quis dizer neste versículo: em primeiro lugar, Jesus é a Plenitude da Revelação, Ele revelou tudo o que deveria ser revelado, como Ele mesmo disse: “Eu te glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar...” (Jo 17, 4), portanto o Espírito Santo não vem para acrescentar nenhum dado novo à Revelação. Mas, o que Jesus queria e não falou, e que verdade é essa que o Espírito Santo vem ensinar?


O Espírito Santo nada mais ensina, senão, sobre aquilo que a Verdade revelou, ou seja, Ele vem atualizar e potencializar os ensinamentos de Jesus Cristo. Naquele momento Jesus não poderia narrar em detalhes aos seus discípulos os acontecimentos que viriam - Sua morte e ressurreição - e as consequências que isso traria para eles, pois não compreenderiam que nestes eventos estavam contidos a salvação e a libertação para a humanidade.

Somente com o derramamento do Espírito Santo, em Pentecostes, foi possível que os Discípulos de Jesus compreendessem o que Ele ensinou e que sentido teve Sua morte e ressurreição, sendo assim, reconheceram que Jesus é o Cristo, o Messias esperado desde o Antigo Testamento. “Saiba, portanto, com certeza, toda a casa de Israel: Deus o constituiu Senhor e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36).

Com o Espírito Santo a Ressurreição de Cristo não se tornou apenas um evento para o homem, mas é algo que lhe toca. O Divino Paráclito tornou aqueles primeiros discípulos testemunhas do Ressuscitado, isto é, pela conversão de suas vidas, a Vida Nova que Jesus conquistou na cruz tornou-se sensível e o homem pode viver a comunhão com Deus rompida pelo pecado original.

A missão do Espírito Santo, portanto, é a de nos conduzir a Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida (Jo 14, 6), e nos revelar a sua Pessoa. Por isso, São Paulo vai dizer que só se pode proclamar que Jesus é o Senhor pela ação do Espírito Santo (I Cor 12, 3), portanto, está aqui o sentido missionário da Igreja, pois não se anunciam fatos históricos ou ideologias, mas uma Pessoa que continua a exercer a sua salvação por meio da sua Igreja. É somente no Espírito que se pode viver a dimensão eclesial, ou seja, ser um membro vivo do Corpo de Cristo que é a Igreja.


Abrir-se ao Espírito Santo é condição sine qua non para viver o cristianismo e para experimentar a vida em abundância prometida por Jesus, pois é Ele que nos coloca em comunhão com o Filho, e o Filho nos coloca em comunhão com o Pai. Deixar-se conduzir pelo Espírito é o meio mais certo e mais seguro de permanecer na Verdade que é Jesus Cristo.

Rezemos então: “Pai Santo, no nome de Jesus, manda o Teu Espírito para renovar a face do mundo. Amém.”


Seminarista Carlos Alberto.
1º Ano de Teologia.
Arquidiocese de Niterói


sábado, 24 de abril de 2010

Precisamos do Espírito Santo!

Que é o homem sem o Espírito de Deus?
Obra morta condenada ao fracasso, corpo sem vida.
É o Espírito Santo que possibilita ao homem a reinstalação no paraíso, a subida de novo aos céus, o retorno a adoção de filho. Ele que nos permite chamar Deus de Pai, que nos faz adentrar no mistério de Cristo morto e ressuscitado, nos faz tomar parte na glória.
Esta é a mística de Pentecostes: Deus em nós! O Espírito de Deus é enviado ao nosso espírito. Isto é a graça! Deus mora em nós e nos possibilita a viver como homens espirituais!
Ele é o Consolador perfeito e o Advogado dos pobres! O ardor poderoso do Espírito retira as almas tíbias do abismo da morte. Ele é, conforme a mais antiga definição de fé da Igreja, o “Senhor que dá a Vida”.

Espírito escondido na criação, anunciado pelos profetas, prometido por Cristo é o mesmo Espírito derramado em abundancia sobre os apóstolos e a Igreja que nascia como nos descreve o Livro dos Atos. Pentecostes não acabou! É um movimento divino permanente! Enquanto houver um homem que precise da força de Deus, o Espírito deseja ser derramado sobre esta alma. Espera apenas um convite: “Vem!”.


Nossa união com o Espírito Santo é absolutamente real, a tal ponto de tornar-se Ele verdadeiramente “nosso”. Ser movido pelo Espírito é, com efeito, atingir uma intimidade com Cristo e o Pai, que de outra maneira nunca seria adquirida. É preciso aproveitar este derramamento do Espírito e este tempo pentecostal que vivemos tão fortemente na Igreja de Cristo no início deste novo milênio. Visitados. inundados e transformados pelo Espírito queremos sempre permanecer. Como Elena Guerra, queremos orar: “Que minha vida seja um constante nascer e renascer no Espírito”.
Aproveite bem o Pentecostes que Deus vai derramar este ano sobre você. Este é o meu desejo!
Pe. Dudu

quarta-feira, 7 de abril de 2010

EU AMO OS SACERDOTES!

Neste tempo de muitos ataques contra nosso amado Santo Padre, o Papa Bento XVI, de muitas calúnias que ferem os corações de nossos pastores, nós queremos declarar que cremos que o SACERDOTE É UM HOMEM DE DEUS, "é o amor do coração de Jesus"!



Pelos Sacerdotes
"EU ROGO
E ME CONSAGRO!"


O sacerdote está consagrado a Deus. Tu o terás por santo, pois ele é quem oferece o pão de teu Deus. Deverás considerá-lo santo, porque eu, o SENHOR que vos santifica sou santo.
Levítico 21,7b-8.

A eles foi confiado o parto espiritual; foram eles que receberam o encargo de chamar ao nascimento pelo batismo; por eles nós revestimos o Cristo, nós fomos sepultados com o Filho de Deus, nós nos tornamos os membros desta bem-aventurada cabeça.
JOÃO CRISÓSTOMO,
Sobre o sacerdócio. 3,6.

Felizes são os sacerdotes no dia da ressurreição, eles estão de pé como os anjos dentro do Santo dos Santos. Eles se vestem de fogo e se envolvem de chamas, eles suplicam o Espírito que vem do Alto. Os fiéis recebem o corpo e o sangue do Cristo para o perdão dos pecados.
Liturgia Bizantina

Padre, aquele que suplica a Deus por todos os homens, arrancando-os por sua mediação do mal e da ignorância.
EVÁGRIO
Cent. 5,46.


A Igreja envia homens pobres e generosos, livres de toda intimidação, mas amarrados pelo amor, jovens, cheios de fogo e de imaginação. Eles crêem no Espírito Santo. Eles estão prontos a dar sua vida. Ela os envia aos pequenos, aos pobres, aos mais afastados, a todos. E lá vão eles. Como é belo!
PAULO VI
Aos ordenandos, 5 de março de 1967.



Os fiéis beijam a mão do padre, com o pensamento que ele acaba de tocar o santíssimo corpo do Salvador, que ela recebeu ali uma santificação e que ela a comunica – eles têm esta certeza – àqueles que com ela entram em contato.
NICOLAU CABASILAS
Sobre a divina liturgia 53,4.

Os sacerdotes devem dar ocasião de os homens tocarem Deus!
GREGÓRIO DE NAZIANZO, in 2Tim 2.


A primeira fidelidade que se espera de um sacerdote é a de continuar a crer em seu próprio mistério.
JOÃO PAULO II,
Gabão, 17 de fevereiro de 1983.



No meio dos homens desta geração tão mergulhada no relativo, vós deveis ser uma voz que fala do absoluto!
JOÃO PAULO II
18 de março de 1982.



Nos momentos de desânimo, nós devemos dizer a nós mesmos: “Coragem! Eu fui chamado! Eis-me aqui! Envia-me!”
JOÃO PAULO II
21 de abril de 1979



O PADRE É UM SER HUMANO PARA QUEM A VIDA É EMBRIAGAR-SE DE DEUS.
PAULO VI
Prefácio ao livro sobre o sacerdócio
de Mons. Veuillot

Os apelos do Espírito Santo hoje

- A herança espiritual da Beata Elena Guerra-




O povo brasileiro começa a conhecer Elena Guerra, e através dela apaixonar-se pelo Espírito Santo. Sua vida, seus pensamentos e sua correspondência com o Papa Leão XIII sobre a necessidade urgente dos católicos retornarem ao Espírito, já estão traduzidas em nossa língua. Começamos a perceber como seus sonhos são atuais e proféticos para os nossos tempos.
Após celebrarmos os 50 anos de sua Beatificação em Abril de 2009, e tendo eu recebido a graça de trazer para o Brasil neste mesmo ano suas obras completas (lançadas em Lucca no dia 18 de Abril de 2009) e uma grande relíquia para nossa veneração, fui impelido a pedir luzes ao Espírito para sintetizar a herança espiritual que sua espiritualidade pode trazer ainda hoje àqueles que desejam verdadeiramente crescer na intimidade com o Espírito Santo.
O único sonho que Elena alimentou durante toda a sua vida, foi que o Espírito Santo voltasse a ser o verdadeiro protagonista da história da Igreja e do mundo.
Na Cidade de Lucca, na região Toscana da Itália, graças a uma fé carismática e enamorada ao Senhor, a Beata Elena Guerra (1835-1914), foi escolhida por Deus com uma missão específica: Ser um sinal vivente e profético do grande retorno do Espírito Santo para os nossos tempos. E isto começou de fato a acontecer, graças à docilidade do Papa Leão XIII.
A vida extraordinária desta santa mulher íntima amiga do Espírito Santo, que se ofereceu toda para que Ele, o Divino Paráclito, fosse mais conhecido, amado e invocado e enfim, triunfasse sobre a pervertida humanidade do seu tempo alcançando uma feliz renovação da face da terra, acabou acendendo um fogo que começou a espalhar-se entre os cristãos em todo o século XX e ainda deseja espalhar-se poderosamente neste século que começamos a viver...
Ele, o Espírito Santo, no dizer doce e forte de Elena, é o “Fogo que Jesus trouxe a Terra”. Que sejam ainda hoje, válidas para nós, cristãos desta hora, as palavras proféticas que o mesmo Jesus disse a Elena: “Uma vez revelei ao mundo o Meu Coração; agora quero revelar o Meu Espírito!”
Se como filho dela que sou, pudesse vos gritar o desejo sempre atual daquela que o Papa João XXIII chamou de “Apóstola do Espírito Santo dos tempos modernos”, vos gritaria sem medo com Ela e por Ela: “Retornemos ao Espírito Santo para que Ele retorne a nós”!
Que neste Tempo Pascal possamos vivenciar a herança espiritual da Beata Elena Guerra, crescendo em intimidade com o Espírito Santo, e que pelo Seu Divino Sopro, Ele te constitua um apóstolo da Sua Efusão, profetizando sobre a Igreja e o mundo um novo e perene Pentecostes de Amor que renove a face da Terra.
Na alegria do Ressuscitado, vamos nos preparar para a grande festa de Pentecostes que este ano será celebrado no dia da Beata Elena, em 23 de maio de 2010.


Pe. Eduardo Braga (Dudu)

quinta-feira, 11 de março de 2010

O padre e sua Igreja




Nesta semana, de 8 a 12 de março, o clero da Arquidiocese de São Paulo está em retiro, em Itaici; Dom Bruno Gamberini, arcebispo de Campinas, é o pregador. Este é um momento importante do Ano Sacerdotal, que deverá contribuir para realimentar a vida espiritual e a mística dos padres na vivência do sacerdócio. Se eles estiverem bem alimentados espiritualmente, o povo também estará bem servido.

O Ano Sacerdotal é uma oportunidade especial para que o próprio padre e a comunidade dos fiéis redescubram a verdadeira identidade do sacerdócio,, a grandeza da vocação sacerdotal e a importância do serviço dos padres para a vida da Igreja. Sem eles, a Igreja não vive. A natureza própria da Igreja Católica inclui o ministro ordenado, como presença sacramental de Jesus Cristo à frente e no meio da comunidade dos fiéis. A Igreja é mais que uma simples organização humana, uma vez que ela também é obra da graça de Deus e da ação do Espírito Santo. Ela é um mistério humano-divino e, se quisermos entendê-la bem, nunca devemos esquecer nem separar esta sua dupla dimensão.

São Paulo dizia que ela é como um corpo, do qual Cristo é a cabeça e todos nós somos membros; Para São Pedro, ela é o templo, no qual Deus habita e todos nós somos pedras vivas desse templo espiritual. No Evangelho de São João aparece a imagem bonita das ovelhas e do pastor: a Igreja é o rebanho do Bom Pastor, que está à frente dela e ama, guia, nutre, defende cada uma de suas ovelhas; João também traz a imagem da videira e dos ramos: Cristo é a videira, nós somos os ramos; só produziremos frutos, se ficarmos inseridos nele. “Sem mim, nada podeis fazer”.

É também nesta realidade humano-divina da Igreja que devemos entender a figura do sacerdote; sendo humano como todos os seus irmãos, ele, no entanto, foi chamado por Deus e colocado à frente da comunidade dos fiéis para representar Cristo, bom Pastor e Cabeça do corpo; em nome de Cristo e com seu poder, ele serve e santifica o povo, que não pertence a ele, mas a Deus. O sacerdote está a serviço dos homens nas coisas que são de Deus. Por isso, dizemos que ele representa sacramentalmente Jesus Cristo diante da Igreja e, em nome de Cristo, desempenha sua missão na Igreja. Sem esta relação com Cristo e a Igreja, não se compreende bem a figura do padre e se corre o risco de ver nele um funcionário de coisas (“negócios”) religiosas, um mago que “mexe” com coisas sagradas, ou um simples agente de serviços sociais.

O padre permanece humano e sujeito a todas as fraquezas da condição humana; por isso, deve valorizar suas boas qualidades e capacidades humanas, para melhor colocá-las a serviço do dom divino que recebeu pela vocação e a ordenação sacerdotal. Ele deve andart no caminho da santidade e os defeitos e fraquezas humanas não devem ofuscar a grandeza do dom que recebeu, não por mérito seu, mas por graça e bondade de Deus; não para a própria vaidade, mas para servir ao reino de Deus e para o bem dos irmãos. Por isso, o padre também é chamado a exercitar-se na prática das virtudes e na ascese, para a sujeitar as fraquezas humanas à lei da graça e da santidade de Deus. No união profunda com Deus e na sintonia constante com a sua vontade encontrará sua força.

Infelizmente, em nossos dias, a imagem verdadeira e bonita do sacerdócio fica frequentemente ofuscada pela difusão de notícias sobre fraquezas humanas de sacerdotes. E também aparecem falsários, que usurpam as funções sacerdotais e enganam o povo, exploram comercialmente a fé e colocam em descrédito o serviço dos sacerdotes da Igreja. Tudo faz sofrer os padres, que nada devem e procuram viver dignamente o sacerdócio; mas tenho a certeza de que a Providência de Deus fará com que esse sofrimento seja purificador e, longe de destruir o sacerdócio, fará com que ele volte a emergir em toda a sua grandeza e beleza; assim também voltará a atrair mais jovens bem dispostos a se consagrarem inteiramente ao sacerdócio de Cristo no serviço da Igreja e da humanidade.

São João Maria Vianney, proclamado por Bento XVI como Padroeiro de todos os padres, na sua condição de humilde pároco de aldeia, tinha uma noção muito apurada da dignidade do sacerdote e, vivendo como autêntico homem de Deus, também sabia falar ao povo com simplicidade e encantamento sobre o padre: “se eu encontrasse um padre e um anjo, cumprimentaria o padre, antes de cortejar o anjo; este é amigo de Deus, mas o padre faz as vezes de Deus... Quando virdes um padre deveis dizer: Eis aquele que me tornou um filho de Deus e me abriu o céu pelo santo Batismo!” E observava também, com perspicácia e realismo: “quando se quer destruir a religião, começa-se por atacar o padre.”

A oração pelos padres, diáconos e seminaristas, junto com o apoio e a colaboração com eles, reverterão na vitalidade das comunidades da Igreja e em abundantes frutos na missão da Igreja.

Card. Dom Odilo P. Scherer
Arcebispo de São Paulo, 08.03.1

Fonte - O São Paulo - Jornal da Arquideiocese de São Paulo.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Homilia de Dom Alberto Taveira sobre a Formação Sacerdotal

Homilia, de Dom Alberto proferida no dia 08 de fevereiro de 2010, no Centro de Estudos Superiores Mater Dei, da Arquidiocese de Palmas


"Tendo atravessado o lago, foram para Genesaré e atracaram. Logo que desceram do barco, as pessoas reconheceram Jesus. Percorriam toda a região e começaram a levar os doentes, deitados em suas macas, para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. E, em toda parte onde chegava, povoados, cidades ou sítios do campo, traziam os doentes para as praças e suplicavam-lhe para que pudessem ao menos tocar a franja de seu manto. E todos os que tocavam ficavam curados" (Marcos 6, 53-56).

Este é o fundamento de nossa experiência vocacional: nós somos chamados a estar com o Senhor. Nos últimos dias a liturgia nos mostrou os apóstolos buscando com Jesus um lugar afastado (Mc 6,30-34), até com o desejo de descansar! Eles são testemunhas do bem que Jesus faz a todos que foram chamados a uma experiência com Ele.

A raiz do nosso chamado é estar aos pés do Senhor. Estão aqui presentes várias pessoas ligadas a essa graça: aqueles que chegam agora para o Curso Propedêutico, os que iniciam a filosofia, a teologia, os seminaristas que continuam sua estrada formativa, como também aqueles que se encontram inseridos na vida eclesiástica: a equipe do Seminário, sacerdotes responsáveis pela formação, religiosas e missionários. O que deve estar na base da experiência do Seminário e do Centro de Estudos Superiores Mater Dei? O grande fundamento é a experiência do seguimento de Jesus. De fato, é viver a sua palavra. Sem tais fundamentos, o edifício cai. Todos nós somos chamados a tal experiência de proximidade, a ser cultivada dia a dia. A vida espiritual não é um departamento da formação, mas o fundamento, sua raiz. É o elemento que garante a unidade do processo formativo, a mística que sustenta a preparação ao sacerdócio. Tudo o que se estuda aponta para essa dimensão profunda que é a comunhão no mistério de Cristo. Este é o fundamento, a primeira dimensão da formação (1), sem a qual todo o resto perde o sentido.

A formação do clero diocesano visa a caridade pastoral. Nós vivemos para pastorear. E aqui tanto os seminaristas das Dioceses da Província Eclesiástica de Palmas quanto os que são chamados ao trabalho missionário segundo os Carismas das Comunidades Novas, serão ordenados padres diocesanos. Seremos padres no pastoreio direto do povo de Deus! Somos formados para ser pastores. E a santificação de nossa vida acontecerá na experiência do pastoreio. No Evangelho que ouvimos, Jesus se importa concretamente com as pessoas que dele se aproximam, mostrando-lhes seu zelo, quando todos eram curados. Ninguém passava em vão ao seu lado. E sendo discípulos dele, chamados depois a ser sacramentalmente a presença do Senhor Jesus, o que se espera de nós? Viver fora de nós mesmos, voltados para essa perspectiva de serviço. Nós somos pastores para servir ao rebanho. Ninguém encontrará o sentido de sua vida vivendo para si, mas somente para o outro. E é claro, a solicitude pastoral não brota como uma mágica no dia da ordenação. Nós nos exercitamos para sermos pastores segundo o Coração de Cristo. O Ano Sacerdotal nos faz descobrir a fidelidade de Cristo para depois descobrirmos a fidelidade do sacerdote. Esta deverá ser exercitada e aprofundada durante o tempo da formação.

A perfeição do ser humano não está em mim, ou em qualquer homem ou mulher. Eu preciso olhar para Jesus Cristo para enxergar o modelo do homem. O que se espera de uma formação sacerdotal? Homens íntegros na sua personalidade, na retidão de seu comportamento. Homens íntegros na sua afetividade, na sua sexualidade. Olhando para Jesus, que fez bem todas as coisas, como se faz necessário ser honestos no nosso caminho de formação! Não podemos fazer o povo de Deus sofrer por causa de nosso testemunho negativo. A exigência dessa honestidade básica é para que você se prepare bem. É mirando na retidão do Senhor que seremos homens dignos de confiança. Se não se leva a sério a dimensão humana, você pode ser um excelente organizador de uma Paróquia, mas não terá brilho, não será uma pessoa digna de confiança, porque no fundo as pessoas vão dizer: ?parece que ele não acredita naquilo que fala?. Seja homem na medida do Cristo! Seja gente, capaz de amar na medida de Nosso Senhor Jesus Cristo!

Ninguém poderá viver tais dimensões da formação no isolamento. Nós não somos pessoas isoladas no mundo, como não nos sustentamos sozinhos. E isto vale para toda a vida sacerdotal. Na teologia do Concílio Vaticano II, vida sacerdotal é compreendida primeiro como experiência de comunhão no presbitério. Eu acalento o sonho de uma vida sacerdotal não confinada em uma paróquia, como se fosse uma capitania hereditária, uma propriedade, que considero uma tentação. Que bom se pudéssemos colocar uma perspectiva diferente na cabeça dos padres: desejo e disposição para a comunhão. Não porque o bispo determinou que ficassem dois padres em uma mesma paróquia, mas porque você sente em seu coração a necessidade de ser um homem de comunhão.

Permito-me partilhar com todos duas realidades pessoais. Nestes 36 anos de padre, Deus me deu a graça de nunca morar sozinho. Como Padre ou Bispo, sempre tive a possibilidade de compartilhar a vida, numa experiência de comunhão. Quando for a Belém terei a oportunidade de conviver com o Arcebispo Emérito Dom Vicente Zico, um homem de 83 anos que conheci ainda como padre.Diante do clero de Belém, eu disse que ele será como o Anjo da Guarda da Arquidiocese, com todos os poderes. É que também para a nova fase de minha vida, quero ter perto de mim um irmão que me leve a uma vida de partilha. Mas aqui mesmo, os Bispos da Província Eclesiástica de Palmas tivemos a graça de formar chegamos a um grupo coeso, de gente que se quer bem. Acredito que os quatro levarão para frente o sonho de unidade no Tocantins. Como é bom vivermos juntos! Como é bom conversar, brincar, cultivar a comunhão entre nós. A Província Eclesiástica de Palmas só tem a ganhar se caminhar nesta direção. O próximo arcebispo encontrará plantada essa realidade construída pelos quatro irmãos que aqui ficam.

Uma última dimensão, não menos importante: quando Jesus anda para lá e para cá com os discípulos, ele tece uma escola de formação. É a dimensão intelectual. Jesus formava, segundo o evangelho de São Marcos, enquanto caminhava ao longo do Rio Jordão, até chegar a Jericó e de lá subir para Jerusalém. Cada encontro era uma oportunidade de formação. Nós também já fizemos um considerável percurso formativo. Não alcançamos ainda tudo aquilo que desejamos para a formação sacerdotal em nosso Seminário e no Centro de Estudos Superiores Mater Dei, mas o caminho feito até aqui foi assumido com seriedade. Não aceitem a mediocridade como medida da própria vida. Deus e seu povo não merecem padres medíocres. Não se permita nada que não seja menos que o máximo! De fato, ?para Deus, no mínimo devemos dar o máximo?(2) . Vocês serão sacerdotes em um mundo extremamente provocante. Não serão padres em um mundo fácil. O mundo a ser evangelizado é desafiador, mas positivamente desafiador, mas o evangelho é a força de Cristo para nós.

O que desejo é que este Seminário se consolide cada vez mais, e seja um Centro de excelência na formação sacerdotal. Nenhuma pessoa envolvida nesse processo pode deixar de empenhar todo o seu esforço pessoal para que isso aconteça. A obra não me pertence, e a bandeira está nas mãos de vocês. Todo o esforço deve ser feito, porque tenho certeza que a semente lançada é de boa qualidade.

Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará

(1)Cf. Diretrizes para a Formação Presbiteral, no novo texto aprovado pelos Bispos do Brasil, especialmente nos números 246 a 346, na Seção sobre as Dimensões da Formação nos Seminários.
(2)Mons. Gilberto Delfina, Fundador dos Padres Salvistas.


(Publicado originalmente em www.renasemnacional.blogspot.com)

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João Paulo Veloso
Seminarista da Arquidiocese de Palmas
Coordenador Nacional do Renasem