O mistério de Pentecostes é o complemento da Páscoa da mesma maneira que a aliança celebrada pelo Senhor no monte Sinai coroa os milagres do Êxodo. A vinda do Divino Espírito sobre os apóstolos e Maria no Cenáculo, constitui o momento decisivo da formação da única Igreja de Cristo neste mundo, garantindo Sua presença –por meio do Seu Espírito- e nosso chamado a um novo nascimento espiritual.
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Com a Solenidade de Pentecostes, atinge a liturgia, cada ano, o cume insuperável. Nossas festas cristãs se sucedem, portanto, seguindo uma linha precisa, orientada, tendo como ponto de partida o Natal, seu centro decisivo no mistério pascal e sua realização definitiva na Ascensão do Senhor e em Pentecostes. É o Espírito Santo que preserva o Cristianismo de ser apenas um fato puramente histórico. Graças a Ele, tudo o que Jesus disse e fez, permanece conosco de maneira permanente!
Existe uma profunda conexão entre a Páscoa e Pentecostes. Sem dúvida que a celebração do derramar do Espírito é um fato novo, original; mas é também a plenitude, a coroação e o aperfeiçoamento da Páscoa. Pentecostes eleva a nossa participação no mistério pascal no mais alto grau, associando-nos tão intimamente ao Filho em Seu Espírito que nos tornamos, por nossa vez, filhos adotivos, recebendo e sendo animados pelo mesmo Espírito de Jesus, e por conseqüência, termos livre acesso ao Pai. Esta é a mística de Pentecostes! Mística de união, de intimidade!
A Liturgia da Páscoa vai abrindo-nos pouco a pouco a acolhermos o Espírito do Ressuscitado como promessa para nossas próprias vidas. Como diz a Oração Eucarística IV, Jesus dará o Espírito Santo “como primeiro Dom aos vossos fiéis”. Eu consigo ver desde os primeiros domingos da Páscoa uma espécie de proto-pentecostes, como acontece, por exemplo, no texto de Jo 20, 22 (II Domingo neste Ano C), quando Jesus já comunica -mesmo a um grupo reduzido- o Espírito, ao dizer: “Recebei o Espírito Santo”.
A fisionomia da Igreja primitiva descrita pelo livro dos Atos dos Apóstolos (primeira leitura durante todo o tempo pascal) apresenta sempre uma Igreja repleta de cristãos cheios do Espírito. Será assim com Estevão, Felipe, Pedro, João, Paulo...
O convite de Jesus a Nicodemos (que aparece também como Evangelho no tempo pascal) é o grande projeto de vida para a Páscoa: Novo Nascimento no Espírito!
Levar uma vida nova (Cf. Rm 6,3), mortos para o pecado e vivos para Deus é uma graça concedida a homens e mulheres que tendo ressuscitados buscam apenas a vida no Espírito! Esta é a oração coleta do Domingo da Páscoa: “Concedei que celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos para uma vida nova”. E como esquecer também a coleta do II Domingo? Eis aqui: “(...) Fazei que compreendamos melhor o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu vida nova e o Sangue que nos remiu”.
Uma outra oração confirma da ligação do Espírito Santo com o dom da vida nova nesta liturgia pascal. Trata-se da oração coleta de Sexta-feira da III Semana da Páscoa: “Ó Deus, todo Poderoso, concedei que, conhecendo a ressurreição do Senhor, e a graça que ela nos trouxe, ressuscitemos para uma vida nova pelo amor do vosso Espírito”.
Irmãos amados, o que Pentecostes quer selar é justamente isto: Vida nova para quem celebrou a Páscoa! Permita que Deus faça em tua vida algo novo lhe dando novamente, de maneira nova, uma nova porção do Espírito Dele que se tornará teu. Deixe o Espírito provocar em ti dores de parto para um novo nascimento! Não resista a graça de Pentecostes, se abra. Quem se abrir será uma criatura nova, pronto para esperar o Pentecostes sem ocaso que nos levará a eterna civilização do amor, a Páscoa definitiva, aos novos céus e a nova terra!
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