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Somos uma Associação privada de fiéis. Nascemos no Cenáculo com a Igreja e para a Igreja, em Roma com a benção do Papa. Amamos a Igreja Católica Apostólica Romana, da qual recebemos o Batismo e buscamos fidelidade autêntica. Em nosso meio estão presentes todos os estados de vida. Nossa identidade é Eucarística e Pentecostal. Nossa Missão é oferecer a vida pelos ministros de Deus, e a santificação das famílias. A O serviço à Igreja, a Adoração e a comunhão Eucarística, a Maternidade Espiritual, e a oração dos pequeninos são os meios nos quais nos esforçamos por cumpri-las. Nosso ideal de vida é a Fraternidade Cristã através do Novo Pentecostes de Amor. Temos alguns amigos no céu que nos ajudam: São João Maria Vianney e a Beata Elena Guerra, Apóstola do Espírito Santo dos Tempos modernos. Assumimos juntamente com a Igreja o movimento pela Santificação dos Sacerdotes e a Maternidade Espiritual. Temos grandes amigos Bispos no Brasil: Dom Alano Maria Pena, Dom Roberto Fracisco Ferrería Paz, Dom Alberto Taveira e Dom José Francisco, nosso atual Arcebispo. Nossa sede atual é na Arquidiocese de Niterói, em Rio Bonito.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Transfusão de almas

Publicado por: Thiago Maia

Na minha última palavra escrita aos irmãos da Igreja de Duque de Caxias, contei-lhes esta história.
Numa aldeia vietnamita, um orfanato dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio. Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e as restantes ficaram gravemente feridas. Entre as mais feridas, estava uma menina de 8 anos, considerada em pior estado. Era necessário chamar ajuda por rádio e depois de algum tempo um médico e uma enfermeira da Cruz Vermelha chegaram ao local.
A situação era gravíssima. Eles teriam de agir rapidamente, senão a menina morreria por causa do traumatismo e da perda de sangue. Era urgente fazer uma transfusão, mas como? Não foram precisos muitos testes para perceberem que os dois não tinham o tipo de sangue apropriado. Reuniram então as crianças e, entre gesticulações, arranhando no idioma, tentaram explicar o que estava acontecendo e que precisavam de um voluntário para doar o sangue.
Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente. Era um menininho vietnamita. Foi verificado que ele tinha o mesmo tipo de sangue da menina, ele foi preparado rapidamente ao lado da menina agonizante e, aí, espetaram-lhe uma agulha na veia. Ele se mantinha quietinho com os olhos fixos no teto. Passado um momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a outra mão que estava livre. O médico lhe perguntou se estava doendo e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou novamente preocupado, voltou a lhe perguntar e ele novamente negou. Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas contínuo.
Era evidente que alguma coisa estava errada. Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita vinda de outra aldeia. O médico lhe pediu que ela procurasse saber o que estava acontecendo com o menino doador. Com voz meiga, a enfermeira foi conversando com ele e explicando algumas coisas, e o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois ele estava novamente tranqüilo.
A enfermeira então explicou aos médicos da Cruz Vermelha: “Ele pensou que ia morrer. Não tinha entendido direito o que vocês haviam explicado e ficou achando que tinha de doar todo o seu sangue para que a menina não morresse.” O médico se aproximou do menino e com a ajuda da enfermeira, perguntou: “Mas, se era assim, por que você se ofereceu para doar o seu sangue para a menina?” O menino respondeu simplesmente: “Ela é minha amiga.”
Aproveitei dessa história para dizer a eles que a minha estadia no campo pastoral daquela Igreja havia sido como uma transfusão de alma onde todos havíamos sido doadores, mas que quem mais tinha recebido, claro, havia sido eu, até por uma questão numérica. Eles eram muitos para doar, e eu, um só.
Hoje, venho a vocês, irmãos e irmãs da Igreja de Niterói, pra lhes dizer a mesma coisa. Estou chegando, vim de malas, de alma e de coração. Vim inteiro. Nas malas trouxe a bagagem da espiritualidade de uma vida construída lentamente, depurada como licor, nos corredores dos seminários, nas estradas de terra batida das paróquias onde atuei, no encontro com povo simples de quem aprendi a urgência do primeiro mandamento: Amar a Deus sobre todas – todas – as coisas. Em meio a essa bagagem encontram-se noites e noites não dormidas, uma ou outra disfunção orgânica, pensamentos que giraram feito cata-ventos pelas angústias do Reino. Sim, porque o zelo da casa do Senhor sempre me consumiu (Jo 2,17). Quando eu abrir todas as malas, vocês verão que junto com tudo o que carrego nessa bagagem, vieram também itens muito preciosos: alegria, disposição, carinho, entrega e, sobretudo, esperança.
Ao contrário do menininho vietnamita da história, não terei medo de esticar meus braços, os dois, em sua direção, para entregar-me por inteiro a vocês. No entanto, exatamente como ele, da mesma forma que ele, com a mesma motivação, esticarei meus dois braços na direção dos que me foram confiados, como quem confia, como a criança confia. Porque vocês são meus amigos. E em certos momentos, ser amigo é ainda mais do que ser irmão.
Fiz três pedidos finais aos irmãos que ficaram na outra Igreja. Peço a vocês a licença de poder modificá-los aqui. Lá, pedi que acolhessem com amor o novo pastor. Aqui, peço que me permitam amá-los com a intensidade do amor primeiro. Lá, pedi que rezassem por mim. Aqui, prometo incluí-los em todas as minhas orações e peço para ser incluído nas suas. Lá, pedi que eles tivessem sempre uma cadeira acolhedora e uma xícara de café passado na hora, para quando eu sentisse saudades e os quisesse rever. Aqui, quero fazer do meu coração essa cadeira acolhedora e lhes garantir que todos os meus espaços de alma pertencem a vocês, para que se sintam em casa dentro de mim. Só não dispenso a boa xícara de café passado na hora. E até espero, se for preciso, no tempo de uma boa conversa de mineiro. Porque somos amigos. Lembram-se?
Deixo-lhes minhas primeiras bênçãos com todos os penhores de graças do Senhor. Confio-me à Virgem Auxiliadora, padroeira do meu primeiro seminário, de quem aprendi a amar e a deixar-me amar por Seu Filho Jesus, com toda a imensidão do seu amor por nós.

+ Dom José Francisco Rezende Dias
Arcebispo Eleito de Niterói

Um comentário:

Internautas Missionários disse...

Fraternidade!
Unidos!
Saudações ao Pe. Dudu!