Kenosis de Cristo no Sacerdote
E a Kenosis do Sacerdote em Cristo Sacerdote.
Neste tempo do Natal, onde todos se voltam para a pequena gruta de Belém, para contemplar e adorar o nascimento do Menino Deus, somos chamados a meditar no mistério do Amor; escondido e encerrado em um Menino; Amor que se fez pequeno, se humilhou, se rebaixou, se encarnou, fazendo-se um como nós, assumindo a nossa condição humana, para remi-la e santificá-la, tornando-se nosso servo... Que contradição do Amor!!! É a Kenosis de Deus, a Kenosis do Amor!
Como não se maravilhar diante de tão grande mistério? É a loucura do Amor de um Deus, que ao esvaziar-se de si mesmo, não deixa de ser Amor. Deus não deixa de ser Deus pela Encarnação, mas se deixa fazer próximo, se faz um com os homens, sofre suas dores, assume sua história e a transforma em Si mesmo.
A Kenosis de Deus é o Verbo Encarnado! É o Menino Deus; é Cristo! E o Ventre de Maria foi o seio da humanidade.
Mas hoje, somos chamados a nos voltar também e a mergulhar mais profundamente neste mistério do Amor encarnado, da Kenosis de Deus, que continua a se realizar no tempo e na vida de todos aqueles que se abrem, como a Virgem Maria, para receber em si o Menino Deus, o Cristo! Mas, mais ainda, hoje, o próprio Cristo, continua a realizar este mistério de Amor, a Sua Kenosis, perpetuando sua própria vida e missão através de homens por Ele escolhidos: nos Sacerdotes!
Deus, através de Cristo, continua a realizar Sua Kenosis de Amor: a Kenosis sacerdotal! Não mais no seio da Virgem, mas na vida de um homem, para continuar presente em meio aos homens, por meio das mãos e palavras de um homem, para se fazer alimento dos homens.
É um esvaziamento maior de Deus; se já é um “escândalo” e absurdo, um Deus se encarnar e se fazer homem, vivendo como homem, para salvar, morrendo numa Cruz, a humanidade, que dizer quando este Deus, escolhe, por Amor, continuar a viver em homens e através deles, para continuar a salvar a humanidade; Aqui, Deus se submete à liberdade humana, a viver e agir por meio de um homem, submetendo-se e se humilhando à sua condição, para continuar ensinando aos homens o caminho do Amor, e para ser através dele, de suas mãos, alimento de Amor. Que audácia!!!
Que grande mistério! É o esvaziamento de Cristo em cada Sacerdote. Em cada Sacerdote, Cristo realiza a sua Kenosis de Amor.
E o sacerdote? Um homem, escolhido dentre tantos homens, separado, preparado e ungido Sacerdote, para ser um outro Cristo neste mundo... não deveria ele ser conforme Àquele que nEle escolheu viver? Também ele deve realizar a Sua Kenosis.
Cristo, quer continuar em cada sacerdote a realizar a Sua Obra de Amor e Salvação; mas é preciso que cada sacerdote se esvazie de si, chegando ao total aniquilamento, para revelar o Cristo que traz em si. Ele não deixa de ser homem, mas, como Cristo, que “assume” sua condição, ele também deve assumir em si a vida do próprio Cristo. Deve ser ele por primeiro remido pelo Amor, para com sua vida, remir a humanidade.
Nos colocamos diante de duas realidades, duas faces do Amor: O Divino que se esvazia, se aniquila e se rebaixa, para viver e agir em um homem, submetendo-se às suas limitações e fragilidades; e o homem que se esvazia, se aniquila para assumir a vida de Deus e revelar Sua Face e Seu Amor ao mundo.
È necessário que o sacerdote viva a sua Kenosis, para que os homens continuem a viver e experimentar o Natal do Senhor.
A Kenosis do Sacerdote acontece na Cruz! Quando crucificado com Cristo, já não é mais ele que vive, mas sim Cristo nele a viver e agir.
Absurdo e mistério, onde somos chamados a nos prostrar e adorar!
Rio Bonito, 27 de dezembro de 2010.
Madre Viviane do Sagrado Coração de Jesus (Ob.C)
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